quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Exú


Exu é a figura mais controvertida dos cultos afro-brasileiros e também a mais conhecida. Há, antes de mais nada, a discussão se Exu é um Orixá ou apenas uma Entidade diferente, que ficaria entre a classificação de Orixá e Ser Humano. Sem dúvida, ele trafega tanto pelo mundo material, onde habitam os seres humanos e todas as figuras vivas que conhecemos, como pela região do sobrenatural (orum), onde trafegam Orixás, Entidades afins e as Almas dos mortos (eguns). Portanto os Exús na Umbanda não é um Orixá e sim entidades trabalhadoras que tiveram vidas como nós humanos, morreram e tiveram o ciclo de suas reencarnações encerrada, e estão dentro da Umbanda prestando seus trabalhos afim de ter suas evoluções. No Candomblé ele é considerado um Orixá diferente da Umbanda.

Essa entidade não se deve ser confundido com eguns, apesar de transitar na mesma Linha das Almas (uma das três linhas independentes) sendo o seu dia a segunda-feira; ficando sob o seu controle e comando, os Kiumbas (espíritos atrasadíssimos na evolução). Exu é figura de status entre os Orixás, que apesar de ser subordinado ao poder deles, constitui uma figura tão poderosa que frequentemente desafia as próprias divindades. Sua função e condição de figura-limite entre o astral e a matéria, se revela em suas cores, o negro e o vermelho, sendo esta última a vibração de menor freqüência no espectro do olho humano, abaixo do qual tudo é negro, há ausência de luz.

Seus aspectos contraditórios também podem ser analisados sob outro ponto de vista: o negro significa em quase todas as teologias o desconhecido; o vermelho é a cor mais quente, a forte iluminação em oposição à escuridão do negro. Até em suas cores, Exu é o símbolo das grandes contradições, do amplo terreno de atuação.

Os Exus são considerados entidades poderosas, mas nem sempre conscientes dessa força, desconhecendo seus limites e suas conseqüências ao envolver os seres humanos vivos. Assim ao utilizar-se de suas vibrações, um iniciado precisa tomar cuidado para não permitir que Exu, mesmo com o propósito de ajudá-lo, provoque um descontrole energético que possa ser prejudicial ao ser humano.

Sua função mística é a de mensageiro - é o que leva os pedidos e oferendas dos homens aos Orixás, já que o único contato direto entre essas diferentes categorias só acontece no momento da incorporação, quando o corpo do ser humano é tomado pela energia e pela consciência do seu Orixá pessoal (quando a consciência de quem carrega o Orixá desaparece). é Exu quem traduz as linguagens humanas para a das divindades. Por isso, é imprescindível para a realização de qualquer ritual, porque é o único que efetivamente assegura em uma dimensão, o que está acontecendo na outra, abrindo os caminhos para os Orixás se aproximar dos locais onde estão sendo cultuados.

O poder de comunicar e ligar, confere à ele também o oposto; a possibilidade de desligar e comprometer qualquer comunicação. Possibilita-se a construção, também permite a destruição. Esse poder foi traduzido mitologicamente no fato de Exu habitar as encruzilhadas, passagens, os diferentes e vários cruzamentos entre caminhos e rotas, e ser o senhor das porteiras, portas entradas e saídas. Isso não entra em contradição com o fato de Ogum, o Orixá da guerra, ser considerado o senhor dos caminhos. Além da grande afinidade entre as duas figuras místicas. Ogum é responsável pelo desbravamento, pelo desmatar e o criar de novos caminhos, pela expansão do reino, enquanto Exu é o senhor da força que percorre esses caminhos.

Como, então, essa imagem de menino brincalhão, mesmo que imprudente, se coaduna com a imagem popular que associa Exu ao Diabo? O que não é certo.

Outra razão de confusão vem do fato de os negros terem chegado ao Brasil na condição de escravos, tratados como subumanos e sem os mínimos direitos.

Nenhuma hipótese havia, portanto, para que Exu e outras figuras místicas do Candomblé e da Umbanda fossem aceitos como independentes: os negros tinham de ser convertidos ao Deus único, aos mitos cristãos.

Uma divindade africana ao ser capturada pelas explicações católicas teria no máximo o status de santo, divindade menor, praticamente humana, na teologia cristã.

Como precisavam de um Diabo, os jesuítas encontrou na figura de Exú, a entidade que poderia, meio forçadamente, vestir a sua roupa, provavelmente porque sendo o mais humano das entidades, é ele se pede interferência nas questões mais mundanas e práticas, o que resulta que a maior parte das oferendas do culto vá, para ele.

Exatamente por isso, Exu era a divindade que protegia, na medida do possível, os negros dos repressivos senhores. Era para Exu que pediam proteção para suas fugas dos cativeiro com a astúcia que é predominância dessa entidade.
Dois outros fatores associam Exu ao Demónio; o fogo - elemento do Diabo e também freqüente nos cultos e oferendas para o mensageiro dos Orixás africanos - a sensualidade, território considerado tabu pelos católicos, e o prazer - em geral, as atividades favoritas de Exu. A sensualidade desenfreada costuma ser atribuída a influência de Exu, que significa a paixão, sendo freqüentemente representado em estatuetas, como figura humana sorridente, debochada e sensuais.
Para completar os tabus que marcavam Exu como uma figura que subvertia o conceito de faça o bem e será recompensado, faça o mal e será punido - já que ele podia fazer qualquer coisa e alterar qualquer resultado - mas um fator fez com que fosse não só usado como o Diabo, mas reconhecido como sua própria encarnação por parte dos jesuítas.

A Pomba-gira, figura comum nos cultos de Umbanda e presente em diversos Candomblés, dada a grande intercomunicação entre as duas vertentes, não passa, de um Exu Feminino, onde estão em destaque o senso de humor debochado, a voluptuosidade e sensibilidade desenfreadas, usando cabelos soltos, saias rodadas e vaidosas flores na cabeça. Sua dança é uma gira frenética, desenfreada, violenta até, com quase nenhum controle - sem compostura, de acordo com a visão ocidental.
Exú é caminho, é energia, é vida, é determinação, é cumpridor da lei, Exú é esperto, Exú é guardião, Exú é trabalho, é alegria, veloz, Exú é viver, é a magia o encanto. Exú Laroê Exú, Exú Majibá salve todos Exús & Pomba Giras.

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Esse é um blog feito para quem tem fé na umbanda,e quer aprender um pouquinho mais sobre essa religião. Salve Iansã, Orixá dos ventos. Rainha das tempestades. Mãe que afugenta para bem longe os que nos querem fazer mal. Deusa guerreira e corajosa, que defende seus filhos com a espada de cobre. Mãe da alegria e do bom viver, que teus ventos abra meus Caminhos, encoraje minha Alma e alegre meu coração. Ê PARREIA OYÁ!