segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Sobre a Umbanda


SOBRE A UMBANDA
 A Umbanda é uma religião nova, com cerca de um século de exis­tência. Ela é sincrética e absor­veu conceitos, posturas e preceitos cristãos, indígenas e afros, pois estas três culturas religiosas estão na sua base teológica e são visíveis ao bom obser­vador.
Uma data é o marco inicial da Um­banda: a manifestação do Senhor Ca­boclo das Sete Encruzilhadas no médium Zélio Fernandino de Moraes ocorrida no ano de 1908, diferenciando-a do espi­ritismo e dos cultos de nação Can­domblé de então.
A Umbanda tem suas raízes nas religiões indígenas, africanas e cristã, mas incorporou conhecimentos religio­sos universais pertencentes a muitas outras religiões.
Umbanda é o sinônimo de prática religiosa e magística caritativa e não tem a cobrança pecuniária como uma de suas práticas usuais. Porém é lícito o chama­mento dos médiuns e das pessoas que freqüentam seus templos no sentido de contribuírem para a manutenção deles ou para a realização de eventos de cunho religioso ou assistencial aos mais necessitados.
A Umbanda não recorre aos sacri­fícios de animais para assentamento de Ori­xás e não tem nessa prática legitima e tradicional do Candomblé um dos seus recursos ofertatórios às divindades, pois recorre às oferendas de flores, frutos, alimentos e velas quando as re­ve­rencia.
A Umbanda não aceita a tese de­fen­dida por alguns adeptos dos cultos de nação que diz que só a catulagem de cabeça e só com o sacrifício de animais é possível as feituras de cabeça (coroação do médium) e o assenta­men­to dos Orixás, pois, para a Umbanda, a fé é o mecanismo íntimo que ativa Deus, suas Divindades e os Guias Espirituais em benefício dos médiuns e dos freqüen­tadores dos seus templos. A fé é o prin­cipal fundamento religioso da Umbanda e suas práticas ofertatórias isentas de sacrifícios de animais são uma reve­rência aos Orixás e aos Guias Espiri­tuais, recomendando-as aos seus fiéis, pois são mecanismos estimuladores do respeito e da união religiosa com as di­vindades e os espíritos da natureza ou que se servem dela para auxiliarem os encarnados.
A Umbanda não é uma seita, e sim uma religião, ainda meio difusa devido à aceitação maciça de médiuns cujas formações religiosas se processaram em outras religiões e cujos usos e cos­tumes vão sendo diluídos muito lenta­mente para não melindrar os conceitos e as posturas religiosas dos seus novos adeptos, adquiridos fora da Umbanda, mas respeitados por ela.
A Umbanda não apressa o desen­vol­vimento doutrinário dos seus fiéis, pois tem no tempo e na espiritualidade dois ótimos recursos para conquistar o coração e a mente do s seus fiéis.
A Umbanda tem na mediunidade de incorporação a sua maior fonte de adep­tos, pois a mediunidade independe da crença religiosa das pessoas e, como a maioria das religiões condena os mé­diuns ou segrega-os, taxando-os de pes­soas possessas ou desequilibradas, então a Umbanda não tem que se preo­cupar, pois sempre será procurada pe­las pessoas possuidoras de faculda­des mediúnicas, principalmente a de incor­poração.
A Umbanda tem de preparar muito bem seus sacerdotes para que estes aco­lham em seus templos todas as pes­soas possuidoras de faculdades mediú­nicas e as auxiliem no desenvolvimento delas, preparando-as para que futura­mente se tornem, também elas, os seus futuros sacerdotes.
A Umbanda tem na mediunidade de incorporação o seu principal mecanismo de práticas religiosa, pois, com seus mé­diuns bem preparados, assiste seus fiéis, auxilia na resolução de problemas gra­ves ou corriqueiros, todos tratados com a mesma preocupação e dedicação espiritual e sacerdotal.
A Umbanda é uma religião espírita e espiritualista. Espírita porque está, em parte, fundamentada na manifes­tação dos espíritos guias. E espiritua­lista porque incorporou conceitos e prá­ticas espiritualistas (referentes ao mun­do espiritual), tais como magias espiri­tuais e religiosas, cultos aos ancestrais Divinos, culto religioso aos espíritos su­pe­riores da natureza, culto aos espíritos elevados ou ascencionados e que retor­nam como guias-chefes, para auxiliar a evolução das pessoas que freqüentam os templos de Umbanda.
A Umbanda, por ser sincrética não alimenta em seu seio segregacionismo religioso de nenhuma espécie e vê as outras religiões como legítimas repre­sentantes de Deus. E vê todas como ótimas vias evolutivas criadas por Ele para acelerarem a evolução da huma­nidade.
A Umbanda não adota práticas agres­sivas de conversão religiosa, pois acha esses procedimentos uma violência consciencial contra as pessoas, prefe­rindo somente auxiliar quem adentrar seus templos. O tempo e o auxílio espi­ritual desinteressado ou livre de segun­das intenções têm sido os maiores atra­ti­vos dos fiéis umbandistas.
A Umbanda crê que sacerdotes que exigem a conversão ou batismo obriga­tório de quem os procura (pois só assim poderão ser auxiliados por eles e por Deus) com certeza são movidos por segundas intenções e, mais dia menos dia, as colocarão para quem se con­verteu para serem auxiliados por eles. (Veja famosos pastores mercantilistas eletrônicos ou alguns supostos sacer­dotes de cultos que vivem dos boris e dos ebós que recomendam incisiva­men­te aos seus fiéis, tornando-os totalmen­te dependentes dessas práticas caso queiram algum auxilio espiritual ou re­ligioso).
A Umbanda prega que os espíritos ele­vados (os seus espíritos guias) são do­tados de faculdades e poderes supe­riores ao senso comum dos encarnados e tem neles um dos seus recursos religiosos e magísticos, recorrendo a eles em suas sessões de trabalho e tendo ne­les um dos seus fundamentos reli­giosos.
A Umbanda prega que as divinda­des de Deus (os orixás) são seres Divi­nos dotados de faculdades e poderes superiores ao dos espíritos e tem nelas um dos seus fundamentos religiosos, recomendando o culto a elas e a prática de oferendas como uma das formas de reverenciá-las, já que são indissociadas da natureza terrestre ou Divina de tudo o que Deus criou.
A Umbanda prega a existência de um Deus único e tem nessa sua crença o seu maior fundamento religioso, ao qual não dispensa em nenhum momento nos seus cultos religiosos e, mesmo que reverencie as divindades, os espíritos da natureza e os espíritos ascencio­nados (os guias-chefes), não os dissocia D´Ele, o nossa Pai Maior e nosso Divino Criador.

Texto extraído do livro do autor “ Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada  - A Religião dos mistérios - Um hino de amor à vida”.  - Editora Madras.


Pai Rubens Saraceni.

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Esse é um blog feito para quem tem fé na umbanda,e quer aprender um pouquinho mais sobre essa religião. Salve Iansã, Orixá dos ventos. Rainha das tempestades. Mãe que afugenta para bem longe os que nos querem fazer mal. Deusa guerreira e corajosa, que defende seus filhos com a espada de cobre. Mãe da alegria e do bom viver, que teus ventos abra meus Caminhos, encoraje minha Alma e alegre meu coração. Ê PARREIA OYÁ!