segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Prece aos Desencarnados

PreceDeus Todo-Poderoso, que vossa misericórdia se estenda sobre a alma de …, que acabais de chamar para vós.
Possam as provas que enfrentou na Terra lhe serem consideradas, e nossas preces suavizar e encurtar as penas que ele(a) ainda tenha que suportar na Espiritualidade!
Bons Espíritos que o(a) viestes receber e, principalmente, vós que sois seu anjo guardião, ajudai-o(a) a livrar-se da matéria; dai-lhe a luz e a consciência de si mesmo(a), a fim de tirá-lo(a) da perturbação que acontece quando da passagem da vida corporal à vida espiritual.
Inspirai-lhe o arrependimento das faltas que tenha cometido e o desejo que lhe seja permitido repará-las, para apressar seu adiantamento em direção à eterna bem-aventurança.
…, acabas de reentrar no mundo dos Espíritos e, apesar disso, estás aqui presente entre nós; tu nos vês e nos ouves, pois apenas deixaste o corpo material, que logo será reduzido a pó.
Deixaste a capa grosseira da carne, sujeita às adversidades e à morte, e apenas conservaste o corpo etéreo, imperecível e inacessível aos sofrimentos da Terra.
Já não vives mais pelo corpo, vives a vida do Espírito, e essa vida está isenta das misérias que afligem a Humanidade.
Não tens mais o véu que oculta aos nossos olhos os esplendores da vida futura.
Podes, agora, apreciar as novas maravilhas, ao passo que nós ainda estamos mergulhados nas trevas.
Vais percorrer o espaço e visitar os mundos com inteira liberdade, enquanto nós rastejaremos penosamente na Terra, onde nosso corpo material nos retém, semelhante para nós a um fardo pesado.
O horizonte do Infinito vai se desenrolar diante de ti e, na presença de tanta grandeza, compreenderás o vazio, o nada de nossos desejos terrenos, de nossas ambições materiais e das alegrias fúteis às quais os homens se entregam.
A morte é, para os homens, não mais do que uma separação material de alguns instantes.
Do exílio, onde ainda nos retêm a vontade de Deus e os deveres que temos a cumprir na Terra, nós te seguiremos pelo
pensamento, até o momento em que nos seja permitido nos reunirmos, como tu estás reunido com aqueles que te precederam.
Se não podemos ir até onde estás, tu podes vir até nós.
Vem, até os que te amam e que tu amas; ampara-os nas provas da vida; vela pelos que te são queridos.
Protege-os segundo o teu poder; suaviza-lhes os desgostos pelo pensamento de que estás mais feliz agora, e dando-lhes a consoladora certeza de que estarão um dia reunidos a ti num mundo melhor.
No mundo em que estás, todos os ressentimentos terrenos devem se extinguir.
Que possas, de agora em diante, para a tua felicidade futura, estar inacessível a isso!
Perdoa, pois, àqueles que não foram justos para contigo, como te perdoam aqueles junto aos quais procedeste mal.
Tratando-se de uma criança, o Espiritismo nos ensina que não é um Espírito de criação recente, mas um que já viveu e que pode já ser bem adiantado.
Se sua última existência foi curta, é que ela era apenas um complemento da prova, ou devia ser uma prova para os pais. (Veja nesta obra Cap. 5:21.)Nota. Podem-se acrescentar a esta prece, que se aplica a todos, algumas palavras especiais segundo as circunstâncias particulares de família ou das relações, bem como a posição do falecido.
Prece(2) (outra)(2) Esta prece foi ditada a um médium de Bordeaux, no momento em que passava, diante de suas janelas, o enterro de um desconhecido.Senhor Todo-Poderoso, que vossa misericórdia se estenda sobre nosso irmão que acaba de deixar a Terra!
Que vossa luz brilhe a seus olhos!
Tirai-o das trevas; abri seus olhos e seus ouvidos!
Que vossos bons Espíritos o envolvam e lhe façam ouvir as palavras de paz e de esperança!
Senhor, por mais indignos que sejamos, ousamos implorar vossa misericordiosa indulgência em favor deste nosso irmão que acaba de ser chamado do exílio; fazei com que seu retorno seja o do filho pródigo.
Perdoai, meu Deus, as faltas que possa ter cometido, para vos lembrardes somente do bem que haja feito.
Vossa justiça é imutável, nós o sabemos, mas vosso amor é imenso.
Nós vos suplicamos para apaziguar a vossa justiça por essa fonte de bondade que emana de vós.
Que a luz se faça para vós, meu irmão, que acabais de deixar a Terra!
Que os bons Espíritos do Senhor desçam até vós, vos rodeiem e vos ajudem a sacudir as vossas correntes terrenas! Compreendei e vede a grandeza do Nosso Senhor: submetei-vos, sem murmurar, à sua justiça, mas não desacrediteis nunca da sua misericórdia.
Irmão! Que um sério exame do vosso passado vos abra as portas do futuro, ao vos fazer compreender as faltas que deixastes atrás de vós e o trabalho que vos resta fazer para repará-las!
Que Deus vos perdoe e que seus bons Espíritos vos sustentem e vos encorajem!
Vossos irmãos da Terra orarão por vós e vos pedem para orar por eles.

Aos Anjos Guardiões e Aos Espiritos Protetores


            11 – Prefácio – Todos nós temos um Bom Espírito, ligado a nós desde o nascimento, que nos tomou sob a sua proteção. Cumpre junto a nós a missão de um pai junto ao filho: a de nos conduzir no caminho do bem e do progresso, através das provas da vida. Ele se sente feliz quando correspondemos à sua solicitude, e sofre quando nos vês sucumbir. Seu nome pouco importa, pois que ele pode não ter nenhum nome conhecido na Terra. Invocamo-lo, então, como o nosso Anjo Guardião, o nosso Bom Gênio. Podemos mesmo invocá-lo com o nome de um Espírito Superior, pelo qual sintamos uma simpatia especial.
            Além do nosso Anjo guardião, que é sempre um Espírito Superior, temos os Espíritos Protetores, que, por serem menos elevados, não são menos bons e generosos. São Espíritos de parentes ou amigos, e algumas vezes de pessoas que nem sequer conhecemos na atual existência. Eles nos ajudam com os seus conselhos, e freqüentemente com a sua intervenção nos acontecimentos de nossa vida. Os Espíritos simpáticos são os que se ligam a nós por alguma semelhança de gostos e tendências. Podem ser bons ou maus, segundo a natureza das inclinações que os atraem para nós. Os Espíritos sedutores esforçam-se para nos desviar do caminho do bem, sugerindo-nos maus pensamentos. Aproveitam-se de todas as nossas fraquezas, como de outras tantas portas abertas, que lhes dão acesso à nossa alma. Há os que se agarram a nós como a uma presa,mas afastam-se quando reconhecem a sua impotência para lutar contra a nossa vontade.
            Deus nos deu um guia principal e superior em nosso Anjo Guardião, e como guias secundários os nossos Espíritos Protetores e Familiares. É um erro, entretanto, supor que tenhamos forçosamente um mau gênio junto a nós, para contrabalançar as boas influências daqueles. Os maus Espíritos nos procuram voluntariamente, desde que achem possível dominar-nos, em razão da nossa fraqueza ou da nossa negligência em seguir as aspirações dos Bons Espíritos,e somos nós, portanto, que os atraímos. Disso resulta que não somos nunca privados da assistência dos Bons Espíritos, e que depende de nós o afastamento dos maus. Pelas suas imperfeições, sendo ele mesmo a causa dos sofrimentos que o atingem, o homem é quase sempre o seu próprio mau gênio. (Cap. V, nº 4). A prece aos Anjos Guardiães e aos Espíritos Protetores deve ter por fim solicitar a sua intervenção junto a Deus, pedir-lhes a força de que necessitamos para resistir às más sugestões, e a sua assistência para enfrentarmos as necessidades da vida.
            12 – Prece – Espíritos sábios e benevolentes, mensageiros de Deus, cuja missão é assistir aos homens e conduzi-los pelo bom caminho, amparai-me nas provas desta vida; dai-me a força de sofrê-las sem lamentações; desviai de mim os maus pensamentos, e fazei que eu não dê acesso a nenhum dos maus Espíritos que tentariam induzir-me ao mal. Esclarecei a minha consciência sobre os meus próprios defeitos, e tirai-me dos olhos o véu do orgulho, que poderia impedir-me de percebê-los e de confessá-los a mim mesmo. Vós, sobretudo, meu Anjo Guardião, que velais mais particularmente por mim, e vós todos, Espíritos Protetores, que vos interessais por mim, fazei que eu me torne digno da vossa benevolência. Vós conheceis as minhas necessidades; que elas sejam satisfeitas segundo a vontade de Deus.
            13 – Prece – Meu Deus, permiti que os Bons Espíritos que me assistem possam ajudar-me, quando me achar em dificuldades, e amparar-me nas minhas vacilações. Senhor, que eles me inspirem a fé, a esperança e a caridade, que sejam para mim um apoio, uma esperança e uma prova da Vossa misericórdia. Fazei, enfim, que eu neles encontre a força que me faltar nas provas da vida, e para resistir às sugestões do mal, a fé que salva e o amor que consola.
            14 – Prece –  Espíritos amados, Anjos Guardiães, vós a quem Deus, na sua infinita misericórdia, permite velarem, pelos homens, sede o nosso amparo nas provas desta vida terrena. Dai-nos a força, a coragem e a resignação; inspirai-nos na senda do bem, detendo-nos no declive do mal; que vossa doce influência impregne as nossas almas; fazei que sintamos a presença, ao nosso lado, de um amigo devotado, que assista os nossos sofrimentos e participe das nossas alegrias. E vós, meu Anjo Bom, nunca me abandoneis. Necessito de toda a vossa proteção, para suportar com fé e amor as provas que Deus quiser enviar-me.

          Evangelho Segundo o Espiritismo -  Allan Kardec

Prece de Caritas


Prece de Caritas
Deus nosso Pai,
que Sois todo poder e bondade,
dai força àqueles que passam pela provação,
dai luz àqueles que procuram a verdade,
e ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.
Deus,
dai ao viajante a estrela Guia,
ao aflito a consolação,
ao doente o repouso.
Pai,
dai ao culpado o arrependimento,
ao espírito, a verdade,
à criança o guia,
ao órfão, o pai.
Que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criaste.
Piedade, Senhor, para aqueles que não Vos conhecem, e
esperança para aqueles que sofrem.
Que a Vossa bondade permita aos espíritos consoladores,
derramarem por toda à parte a paz, a esperança e a fé.
Deus,
um raio, uma faísca do Vosso divino amor pode abrasar a Terra,
deixai-nos beber na fonte dessa bondade fecunda e infinita, e
todas as lagrimas secarão,
todas as dores acalmar-se-ão.
Um só coração, um só pensamento subirá até Vós,
como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha,
nós Vos esperamos com os braços abertos.
Oh! bondade, Oh! Poder, Oh! beleza, Oh! perfeição,
queremos de alguma sorte merecer Vossa misericórdia.
Deus,
Dai-nos a força no progresso de subir até Vós,
Dai-nos a caridade pura,
Dai-nos a fé e a razão,
Dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas
O espelho onde refletirá um dia a Vossa Santíssima imagem

domingo, 19 de agosto de 2012

Diferenças Básicas entre Umbanda e Quimbanda


DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE UMBANDA E QUIMBANDA
Eis uma pergunta constante, que ronda nossos terreiros e assistência. Onde
estou? Que tipo “de linha” é a sua? No quê trabalha? Trabalha com Êxú?
Mas aqui se faz Umbanda?
Isso não é tão fácil de explicar, haja visto as diferenças regionais nesse país,
sem falar que há terreiros que aproximam-se mais de um do que de outro.
Desse modo, há os terreiros “puros”, ditos de “Linha Branca” (chamados
assim porque os uniformes são brancos, não sendo feitos de outra cor).
Há terreiros intermediários ditos de “linha Branca”, mas que também
trabalham com Exus, como o nosso.
Há os terreiros de Candomblé de Angola que tem giras de boiadeiros, que
nada mais são do que Caboclos, “encantados”.
Outros, praticam a Quimbanda “pura”, onde não há acesso para Caboclos e
Pretos-Velhos.
Alguns fazem Quimbanda, destinando um dia ou poucos para a chegada de
Caboclos e Pretos-Velhos, como festas anuais, com alguma orientação
espiritual desses quaisquer.
Outros de Nação (Culto de Nação, Batuque), mas que tem seus dias de
Umbanda ou praticam a Quimbanda.
Nesses “meios-termos” é que surgem as questões, as dúvidas...
Para tentar dirimir tanta confusão, iremos começar inspirando-nos e
adaptando o trabalho de Norton F. Corrêa (recomendamos aqui sua leitura)
que soube, magnificamente, dividir os cultos em três classificações básicas.
Outrossim, deixamos claro aqui que eliminamos os conceitos e a terceira
classificação regional do Batuque Sulino, no intuito de tornar nosso trabalho
aceitável em todo o país:
1. A Umbanda “Pura”, dita “Linha Branca”, “Magia Branca”, “Linha de
Caboclo” ou “Caboclo”
- Seu crescimento deu-se no início do século passado (1908).
- Elementos de origem banto, predominantes.
- O médium incorpora várias entidades e tem consciência que está
“incorporado”
- As entidades incorporantes são os “Guias”, Caboclos, Pretos-Velhos
e Orixás (ditos “Orixás de Umbanda(1)” (“mais relacionados ao
Candomblé Baiano”, segundo Norton).
- O uniforme é branco, semelhante aos uniformes de enfermagem,
para diferenciá-los do Africanismo.
- Pontos cantados em português, salvo algumas inclusões de
palavras africanas.
- Inexistência de sacrifício animal.
- O médium poderá sair do culto, tomando o cuidado de fazer os
devidos “desligamentos” e pedido de permissão às entidades.
- As sessões iniciam-se no início da noite e não ultrapassam a meianoite.
- Não há “assentamentos” quaisquer para os Guias (Caboclos, Pretos-
Velhos, Crianças/Yori), apenas imagens imantadas por esses guias
em gesso ou outros materiais.
- Reúne elementos culturais africanos, indígenas, orientais, espíritas
(“kardecistas”), europeus (principalmente portugueses).
- Os sacerdotes são chamados de “irmão, “irmã”, “Cacique”. Nunca
babalorixás, yalorixás ou muito menos babalaôs.
- Os terreiros são fiscalizados por Federações.
- São usados bebidas alcoólicas e tabaco, em uso mínimo.
- O salão é dividido em dois ambientes distintos para assistência e
corrente de médiuns. Ambos nunca se misturam.
- A autoridade dos dirigentes é menos rigorosa que em outros
segmentos afro-descendentes. Aceitam questionamentos e
respondem a todo tipo de pergunta.
- As casas mais tradicionais não se utilizam de tambor, apenas de
cantos ou palmas para acompanhar o ritmo. O tamboreiro sempre
será médium da casa.
- Colares de contas, sementes ou outros materiais em cores
variáveis.
- Possui “corpo doutrinário estabelecido e expresso (embasado no
Kardecismo) com ampla bibliografia na qual se buscam também os
conhecimentos rituais”.
- As sessões públicas são semanais.
- Só pode fazer “o bem” sendo que no máximo, pede-se “justiça
espiritual”.
- Os trabalhos são feitos em materiais simples, baratos. Pratica-se
em síntese a caridade sempre que possível.
2. “Linha Cruzada”, “Esquerda”, “Quimbanda”, “Linha Negra” ou “Magia
Negativa”
- Segundo Norton Corrêa, seu crescimento deu-se a menos de
quarenta anos atrás, provavelmente. É uma modalidade nova.
- As cores dos vestuários são coloridas, vibrantes, uso do preto. Uso
de muitos adereços, jóias.
- As cores do templo geralmente são pintadas em cores escuras.
- Não há a presença do estudo da doutrina espírita.
- As sessões podem ser semanais ou em espaços maiores.
- Fala-se que a casa é comandada por Exus ou “Eguns”.
- Inclusão necessária do sacrifício animal.
- Os sacerdotes são chamados de “dirigentes”.
- Não há a presença dos guias que alicerçam a Umbanda, tais como
Caboclos ou Pretos-Velhos ou “vêm” raramente, ou ainda pouco
orientam as diretrizes da casa. Os uniformes costumam ser
coloridos para essas entidades.
- Bebidas e tabaco são usados em grande quantidade.
- Colares de contas onde se apresenta a cor preta em suas
missangas.
- O tamboreiro pode ou não ser médium da casa. É permitido a
entrada de leigos para o uso dos mesmos.
- O médium sabe que incorpora, à semelhança da Umbanda.
- As sessões ultrapassam a meia-noite podendo prosseguir
madrugada adentro.
- Festas anuais de grande porte.
- A desvinculação ao culto é bem mais complicada do que na
Umbanda.
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- Faz-se o “bem” e o “mal” simultaneamente, de acordo com a
necessidade da assistência.
- Os trabalhos são onerosos, variando muito de preço.
O que propomos aqui, nesse trabalho, é o modelo das casas onde se
pratica a Umbanda dita “Linha Branca”, com todas as suas diretrizes,
permitindo o desenvolvimento, a elevação espiritual dos Exus em sessões
específicas para eles sendo que, ao terminar, sempre virá o Caboclo ou
Preto-Velho responsável que dará a “limpeza espiritual” do terreiro e sua
anuência para o término, já que representam a cúpula de comando dos
mesmos.
Nessas casas, já que sua diretriz é a Umbanda, não haverá o sacrifício
animal para os Exus, recebendo esses outros materiais, perfumes, bijuterias,
marafo (cachaça) e velas em encruzilhadas distantes da população. Podendo
ser “firmados” em tronqueiras (casinhas) receberão ali seus “agrados” e sua
imantação específica através do “assentamento” feito em vaso de tabatinga
(barro) encostado diretamente na terra (jamais sobre lajotas). Essas
tronqueiras serão “fechadas” (para que seus fluidos não se espalhem pelo
terreno) pelos Caboclos e Pretos-Velhos através de ponteiros de aço ou
outros materiais que serão citados pelas entidades.
Ou seja, aqui propomos um trabalho intermediário: onde a Umbanda
nunca perderá sua orientação primeira e Êxú terá a oportunidade de
trabalho e evolução, mas sem o sacrifício animal e sendo totalmente proibido
a prática de feitiços para “o mal” nesses lugares.
Quanto ao que seja “bem” ou “mal”, todos conhecemos seu significado.
Cremos que assim encontraremos o devido equilíbrio, nos tempos
atuais onde se ignorar a “esquerda”, vetando-lhes a oportunidade de luz, já é
um crime contra a Caridade.

                         Texto extraido do livro "Exu Desvendado". Miriam Prestes

Omulu/Obaluaiye


OMULU/OBALÚAIYÉ, O SENHOR DA DOENÇA E DA CURA
Para compreender-se os mistérios desse Orixá, precisaremos nos repetir à
semelhança de quase todos os autores. De quase tudo o que já foi escrito.
Mergulhar em sua região de origem... o antigo Daomé, hoje Benin.
Assim como Exu foi “demonizado” pelos conquistadores europeu e asiático,
Xapanã (Omulu/Obalúaiyé) e sua mãe Nâná Burúkú, mais do que seus
irmãos Ôxumarê e Iroko (Tempo) também o foram pelo conquistador africano
vindo de solo iorubá.
Ao invadirem o Daomé, encontraram ali uma sociedade antiquíssima,
matriarcal cuja deusa maior era Nâná. Verger fala-nos que há várias
divindades com o nome de Nâná em diversas regiões diferentes, todas
chamadas coletivamente de Inie, com o caráter de deus supremo. Em
decorrência disso, essa divindade aparece feminina, com ambos ou sexos ou
até assexuada, já que tudo partiria dela no processo de Criação, sem haver
necessidade do elemento masculino na geração de todas as coisas.
A consagração à Nâná exigia três peregrinações sucessivas cujo destino
muitas vezes poderia ser a morte. Aos sobreviventes, o mais absoluto
segredo do que haviam presenciado ou passado. Em outras regiões seu culto
confunde-se ao de seu filho Xapanã (Omulu/Obalúaiyé). Em outras, ela e
Xapanã são a mesma divindade. De qualquer forma, o culto a Nâná e seu
filho impunham grande temor e respeito a seus adeptos, relacionando-os à
morte, à doença e em especial, na época, à temível varíola.
O africano era bastante prático, não tendo os ideais paradisíacos do pósmorte
cristão, nem alimentava esperanças de qualquer felicidade no além.
Sabia que, ao morrer, enfrentaria os Ôna Burúkú (os Maus Caminhos, as
zonas umbralinas) ou iria preparar-se para reencarnar (àtúnwa) no processo
infinito do aprendizado. Morte, para o africano, não era sinônimo de
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libertação, de paraíso eterno. E os espíritos dos mortos geralmente eram
vistos como elementos perturbadores, destrutivos, perigosos de lidar.
Verdadeiramente temidos.
Na África, alguns espíritos de ancestrais masculinos recebiam uma grande
veneração, sendo reverenciados em festivais nos meados de junho (época da
colheita) quando “desciam” à terra, andavam e falavam entre os vivos,
trazendo bênçãos para sua família, sua aldeia como espíritos tutelares.
Como não podem ser vistos (acreditam que eram a própria imagem da morte
e que, se alguém os visse, morreria imediatamente) são recobertos por
máscaras e roupas (chamadas eku) da cabeça aos pés. São os Égun (os
mortos), reverenciados nos festivais Egúngún. No Brasil, estes espíritos
ancestrais recebem culto desse modo apenas na Bahia em dois lugares: no
Ilê Agboulá e Ilê Oyá, ambos em Itaparica. Às mulheres, que não manteriam
uma alma individual como os homens, é vetado o ingresso e a participação
nesses cultos (salvo as iniciadas, as oiê femininos). No Brasil, os cultos são
feitos em barracões fechados, comandados por um sacerdote (ojê otokun)
cujo bastão (ixã) tem o poder de controlar os mortos. Os Égun, chefiados
pelo espírito do Babá-Égun (ou ainda Égun-Agbá), chegam vestidos por uma
roupa (opá) que mais parece uma barraca retangular ou redonda feita de
tiras coloridas dançando e tentando tocar os vivos que fogem ao seu contato.
Acredita-se que, se tocado por um Égun, será atraído para si toda a sorte de
desgraças e até a morte.
Basicamente, há aqueles Égun que têm “luz”, vindo para proteger e trazer
axé ao povo (os Babá). Já os Apaaraká (1), que ainda estão evoluindo, são
imprevisíveis e perigosos. Esses últimos não falam, e suas roupas costumam
ser mais simples. Sua lida com eles exige energia, disciplina e muito
cuidado.
Na África, o Égun é venerado na floresta em um local chamado igbo igbâlê.
No Brasil, em vez da floresta, o local de culto é uma peça nos terreiros
chamado ilê awo (casa do segredo), havendo nele um local de terra batida
que recebe o nome de balê ou igbâlê. Ali haverá um buraco aberto
diretamente na terra que receberá sacrifícios e tudo o mais para o agrado
dos Égun, cercado de bastões (ixã) que fecharão magneticamente o local,
isolando-o do resto do terreno. Esse lugar restrito ao culto dos mortos tem a
proteção de Oyá Igbâlê (uma qualidade de Iansã), criadora mítica do culto
aos Égun e companheira inseparável de Omulu/Obalúaiyé.
Como podemos ver, o culto a Égun é completamente separado do culto a
Orixá. Por isso, nos cultos mais ligados ao africanismo, a idéia de que Ori
(1) Essas entidades lembram, e muito, os nossos Exus “de Limpeza”, “de Pé”
(porque ficam “aos pés”, submetidos aos Exus de Lei ou Guardiões) ou
"Almas", como dizem alguns (nota da autora).
xá (a um nível mais próximo a nós), quando poderia vir a ser o espírito de
algum ancestral divinizado, uma idéia repugnante ou absurda. Explicaremos
porquê.
Já na África, os mortos são vistos com imenso temor. Horror mesmo.
Acredita-se que, ao morrer, tornam-se poderosos, vingativos, capazes de
atrair a morte sobre os vivos. Há muitas histórias, algumas mais recentes,
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mostrando espíritos de jovens (mulheres), que nos conceitos dos africanos
não teriam uma alma individual como os homens, assombrando certos
lugares. As almas masculinas circulam, quando estão no âiyé (terra), por
lugares misteriosos, escuros e solitários como as florestas. Outros são
traquinas, impondo sustos aos vivos. Eis porque, mesmo alguns já
esquecendo essas origens, o pessoal de Candomblé ou Cultos de Nação
tradicionais vêem a Umbanda com o mesmo pavor. Invocamos e
trabalhamos com espíritos de mortos (Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças) e
espíritos inconstantes como os Exus de Umbanda, considerados também
"perigosos de lidar". Para eles, os próprios Apaaraká citados acima.
Em suma, os mortos são assustadores. Temíveis.
E é esse o mundo comandado por Nâná e seu filho Omulu/Obalúaiyé, dois
Orixás melindrosos de lidar...
Para compreender-se melhor nosso desenvolvimento de idéias até aqui,
voltaremos a contar a história de como iniciou o Festrival Egúngún na
África...
Havia uma mulher que tinha um filho chamado Ojulari. Porque seus filhos
anteriores haviam morrido, Ojulari cresceu mimado em excesso.
Entendiado, um dia o menino pegou as roupas de sua mãe, vestiu-se com
elas e passou a dançar. Pediu à mãe que pegasse o banquinho onde estaria
sentada e batesse nele, como um tambor, para que houvesse música.
Feliz, no outro dia bem cedo, fez a mesma coisa. Mas a mãe estava cansada
e recusou-se. O garoto entrou em crise chegando a ficar febril por ter sido
contrariado. Consultando Ifá, a mulher foi recomendada a fazer tudo o que o
menino quisesse...
Temerosa de perder o filho, como havia acontecido com os demais, costuroulhe
um pano para se enrolar, passando a marcar o ritmo batendo no
banquinho, como se fosse um verdadeiro tambor. O menino reagiu bem,
dançando o dia inteiro. Ficou bom.
E assim, todos os dias, Ojulari ficava da manhã à noite dançando sob o som
tosco do tambor improvisado por sua mãe, cujos talentos como musicista
eram poucos.
Para providenciar-lhe comida assim que acabasse de dançar, pois sempre
terminava faminto e exigente, a mulher passou a fazer-lhe certas comidas de
véspera. Fazia eko, um mingau feito de milho, e moyinmoyin, um pudim
feito de feijões ao vapor. Deu-lhe relhos também, para que afastasse as
cabras que vinham tentar comer a comida cheirosa.
Ojulari cresceu, tornou-se um homem. E, um dia, viu a mãe morrer já idosa
e cansada.
Com remorso de tudo o que a fizera sofrer quando menino, resolveu
principiar uma comemoração em homenagem ao espírito de sua mãe.
Chamou seus amigos e deu-lhes as mesmas comidas que sua mãe preparava
para ele quando menino. Depois, vestiu-os com panos coloridos e deu-lhes
relhos, à semelhança que tinha quando pequeno para enxotar as cabras.
Com um tambor chamado bata, saíram a dançar pela cidade tocando-o
irregularmente, fingindo não saber tocá-lo. Tudo fazendo para lembrar-se de
sua infância, em homenagem aos esforços de sua mãe.
O festival espalhou-se por toda a terra iorubá tornando-se o principal culto
aos ancestrais, permitindo que eles "viessem", "incorporassem" entre os vivos
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uma vez ao ano para trazer-lhes bênçãos. E Ojulari passou a ser o grande
Babá-égun, o pai de todos os Egúngún.
Curiosamente, após essa história, lembra-nos de alguns comentários vindos
da Nação/Batuque Sulino.
Os "antigos" (antigos sacerdotes) gaúchos, de forte influência do Xangô
recifense e/ou vice-versa segundo Norton F. Corrêa (6), absorvendo,
posteriormente, elementos gêge, falavam que "tocar tambor com o couro
pouco esticado atraía égun", "comer certas comidas atraia égun" e uma série
de proibições rituais remetendo-nos à história de Ojulari e ao culto de
Egúngún em um todo. São fundamentos antigos, preservados oralmente,
mas que já as novas gerações desconhecem a origem, o ritual, as razões para
mantê-los ainda vivos no culto. Dessa feita, a necessidade urgente de
preservação desses conceitos, via livros, antes que sumam ou sejam
alterados significativamente pelos mais jovens, que consideram costumes
ultrapassados sem uma razão verdadeira de existir, mesmo que à força da
tradição. Isso explica também os comentários de que os "antigos tinham
mais força" de um modo geral, por saberem e utilizarem desses fundamentos
essenciais na manipulação dessa liturgia.
Morrer ou adoecer nesses cultos sempre será sinônimo de algum castigo
oriundo dos "mortos", dos Orixás, feitiços ou causas sobrenaturais. Como já
ouvimos comentar de sacerdotes aborrecidos com extremismos sobre essas
questões, nosso povo crê que um membro de um culto afro-brasileiro jamais
possa adoecer, morrer ou passar pelos problemas comuns a todos os
mortais. Descartadas as causas naturais ou cármicas inadiáveis, aí sim
poderemos observar as demais questões ditas espirituais. Todos sabemos
haver formas de minimizar-se os problemas com as tradicionais oferendas,
através dos jogos divinatórios gerais que, em concordância com vários outros
autores, Ôrunmìlá inspiraria as devidas soluções.
Vale-nos citar novamente Norton Corrêa, quando ouviu de Mãe Moça a
seguinte observação: os eguns são "almas de pessoas ou minas (africanos,
antigos) que morreram; andam pelo ar, em todos os lugares. Eles são cegos,
tapados (obtusos, burros) e, por não se convencerem bem que morreram,
querem continuar a viver junto com as pessoas, junto ao que era "deles". São
estes motivos que fazem do égun uma entidade perigosa, pois "encosta-se"
nos humanos para tentar reaver de volta aquilo que agora lhe falta e tanto
deseja: a vida. Pela mudança brusca de situação, igualmente, ficam
"irritados e desnorteados", sentindo-se "solitários", longe dos seus antigos
companheiros de culto que procuram levar para junto de si. E de certa forma
não fazem isto por maldade intrínseca, mas por não perceberem bem as
coisas. Corre-se maior risco quanto maiores nossas relações no parentesco de
religião com o morto; quanto ao consangüíneo, exceção feita a parentes
pertencentes ao culto, praticamente nada poderá acontecer."
Eis uma explicação aparentemente simples. Mas é exatamente isso que os
espíritos dos mortos são quanto ao seu comportamento no mundo deixado
para trás, o mundo dos vivos. Em palestras feitas nessa e outras cidades do
interior do Estado, notamos, no espaço reservado às perguntas, sempre os
mesmos questionamentos do quê seria a morte e o quê aconteceria aos
mortos pelo nosso povo. Os membros dos cultos afro-brasileiros, em um
todo, desconhecem essas questões de como se lidar com eles, entrando em
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pânico, pavor mesmo, quando alguém é "tomado" por algum espírito
obsessor, um quiumba, passando a falar, rolarpelo chão nas manifestações
comuns das possessões doentias. Podemos dizer, com toda a tranqüilidade,
que o afro-brasileiro, o umbandista não sabe lidar nessas situações. E nada
sabe sobre o fenômeno natural da morte.
A Umbanda diferencia-se da doutrina espírita (chamada pelos leigos de
"kardecismo") que pede ao obsessor, às vezes por anos a fio, dizendo-lhe que
"se afaste dos vivos", "vá com os espíritos de luz para algum lugar melhor".
Isso acontece com os espíritos já com um pouco de esclarecimento. Mas é
um tratamento sem maiores resultados quando lidamos com um espírito
obsessor contumaz, que debochará dessas práticas voltando, ainda mais
feroz, à vítima logo à seguir,
6) Ver em "O Batuque do Rio Grande do Sul", de Norton F. Corrêa, página
49.
perturbando-a ainda mais. Nesses casos, a Umbanda costuma ser muito
mais eficaz na solução desses problemas, agindo de forma mais endurecida
com esses indivíduos que não querem ouvir a curto ou médio prazo. No
entanto, precisamos salientar que as obras de cunho espírita são as
melhores já escritas por tratar dessas questões de sobrevida após a morte
com clareza e lógica, descrevendo os locais para onde iremos com absoluta
precisão e coerência. O que é um espírito, perispírito, o uso de energias,
passes magnéticos explicando com objetividade praticamente tudo o que
fazemos nos terreiros. E muitas vezes, pela velha preguiça de não querer ler
ou aprender, não entenderemos essas questões ficando apenas apegados a
resultados práticos.
O temor ao espírito dos mortos também é explicado pelo uso deles em
feitiçaria pesada. Nenhum guia de luz, Orixá ou outros, participam desses
rituais pela sua elevação espiritual. Nesse rol, citamos também os Exus ditos
"de Lei" ou Guardiões que já têm luz (esclarecimento espiritual, moralidade,
bondade) como não-participantes dessas operações. Somente os Égun sem
luz executam esses trabalhos de malefício incluindo-se, nessa categoria, os
ditos “Exus” não doutrinados, ligados à magia negativa. Dizemos “Exus”
porque na verdade não o são, sendo simplesmente quiumbas que se dizem
exus para terem crédito nesses meios. Daí, na maioria desses trabalhos, é
usado o cemitério de forma indiscriminada, lugar comum onde perambulam
esses espíritos sem rumo (e também espíritos de luz, missionários com o
intuito de ajudá-los), concentrando-se ali um foco extraordinário de energias
(oriundas da decomposição da matéria), para a feitura dessas magias. Por
mais queiram acusar, nenhum "Exu Caveira", "Tranca-Rua, "Veludo",
"Padilha" verdadeiros, com boa orientação e sob a hierarquia dos Caboclos e
Pretos-Velhos podem ser responsabilizados por tais práticas.
Como já vimos, nos Cultos de Nação, de um modo geral, há um local
dedicado dos espíritos ancestrais daquele terreiro. Almas de antigos
babalorixás, ialorixás, filhos da casa. Nele são feitos sacrifícios, colocadas
imagens, sempre possuindo piso de terra batida com um buraco onde ali são
vertidos o sangue de alguns sacrifícios específicos. É o balé ou igbalé, a
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temida "casinha" dos mortos comandada por Oyá Igbalé, dividindo-a com
Omulu/Obalúaiyé. Como já ouvimos antigos dirigentes fazendo comentários,
o balé ou balê é a “moradia” dos Égun(s) do terreiro. Todos protetores, mas
nem sempre com luz suficiente para discernir o bem do mal fazendo o que
pedirem a eles. Na opinião de alguns desses dirigentes, esses Égun(s) sem
luz são os mesmos “Exus” que invocamos em certas “umbandas” ou na
Quimbanda em feitiçarias maléficas. E, como afirmam alguns, a Umbanda
(ou a Quimbanda, nesse caso) teria "roubado" esse fundamento criando a
tronqueira, a chamada "casinha de Exu" para "imitar" a Nação, o
Candomblé...
Lamentavelmente, alguns babalorixás e ialorixás mais ortodoxos e, portanto,
menos tolerantes, costumam apenas enaltecer os méritos de sua própria
religião. Esquecem-se que a origem da Umbanda, em sua raiz africana,
também perde-se com o tempo.
Como vimos na história de Ojulari e o início do Festival Egúngún, desde
quando os mortos africanos são reverenciados? Desde quando foi criado o
primeiro igbalé para reverenciar-se os ancestrais protetores dos terreiros,
das aldeias, das famílias? Perguntamos: estaria aí o ponto de origem da
Umbanda na África, já que tratamos com os ancestrais diretamente? E
assim, como os Cultos de Nação reverenciam seus ancestrais de origem
africana em seus balés, a Umbanda também reverencia nossos ancestrais
que deram início ao povo brasileiro! Quem eram eles? Enaltecemos os Orixás
africanos iorubás, Voduns, Inquices. Os pretos-velhos que foram escravos.
Os indígenas. O europeu e seus santos, antigos homens e mulheres que
desempenharam o papel de divindades tutelares, no Cristianismo. Até os
ditos “de menos luz” adotados agora de um modo mais aberto, como os
boêmios, que agora chegam como Exus, ciganos? Todos são bem-vindos a
trabalhar no bem nessa religião que ninguém discrimina.
Falando de Égun(s), não poderíamos esquecer as Yámi Oxorongá, as "Mães-
Feiticeiras" como preferimos chamá-las, já que seu nome de origem africana
não deve ser mencionado levianamente.
Recordando, os africanos acreditam que os homens são detentores de uma
alma individual. Ao morrerem, permanecem como eram no pós-morte. Já as
mulheres fundiriam suas almas em uma energia portentosa, pelo somatório
de todas elas, sendo que muitas delas, foram antigas feiticeiras, sacerdotisas
de culto. Nos mitos africanos, as mulheres sempre foram tidas como
poderosas na magia pelos homens que sempre tudo fizeram para destituí-las
de qualquer poder. Essas "mães-ancestrais", "mães-feiticeiras", as yámi ou
Yámi Oxorongá, têm uma grande ligação a Òxum, sendo muito
reverenciadas no Candomblé. Mesmo quando discordamos das idéias
panteístas, caídas por terra quando chegam em nossos terreiros espíritos
"femininos" individuais em suas comunicações, as "Mães-Feiticeiras
aparecem em inúmeros mitos centrando em si a própria energia terrestre,
materializando em si as três dimensões físicas existentes nesse orbe.
Quando acendemos velas nos quatro cantos dos terreiros, na tronqueira dos
Exus, trabalhos e uma série de rituais presentes em todos os cultos afrobrasileiros
nós, umbandistas, justamente esquecemos que essa prática
remonta a um pedido de proteção a esses espíritos femininos, guardiães
ancestrais, cujo ritual veio da África, funcionando maravilhosamente na
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eficácia de nossos rituais... unicamente porque muitos de nós desconhecem
sua origem e quem são elas.
Fala-nos Olga Gudolle Cacciatore que oxorongá é um pássaro africano
possuindo um "grito pavoroso" que, acreditamos pela superstição que cerca
essa ave, foi-lhe dado nessas terras, como símbolo, a coruja. Elas
coletivamente representam todas as mulheres, as mães que nasceram antes
de nós inclusive Òxum, Yemoja (Iemanjá), Nâná, centralizando em si todo o
poder feminino de gerar e do inesgotável poder da magia trazido latente em
si. Detendo o somatório do conhecimento das práticas mágicas, do próprio
poder quase equiparado à própria Divindade, também são lembradas (como
todos os Égun(s), como a própria terra que dá vida à gerações futuras,
recebendo suas homenagens através de um buraco no chão que receberá
oferendas(1), desde um singelo copo com água até um pouco de todas as
oferendas que são entregues aos Orixás. Por isso as "mães-feiticeiras" são
temidas inclusive pelas próprias divindades que respeitam esse foco de
poder.
Esse universo assustador, misterioso e temível que o africano tinha em
relação aos mortos é enfeixado pelo Orixá Omulu/Obalúaiyé e por Nâná,
seus deuses. Todavia, na Umbanda, a figura de Nâná passou não mais a ser
vista como a grande orixá dos mortos temíveis, mas sim a mais velha das
Orixás femininas, ligada ao mundo das águas como todas as demais,
algumas vezes confundida com uma "Iemanjá Velha" ou, simplesmente, a
figura benevolente da avó. Dessa forma, toda essa carga negativa,
apavorante, recaiu sobre seu filho.
Toda a história que cerca esse Orixá relaciona-o a sofrimento, abandono,
mágoa e uma grande ligação à figura materna que, justamente, o
(1) Toda a homenagem à ancestrais é feito com um buraco no solo que
receberá nossas ofertas. O contato com o solo é de relevante importância,
daí a tronqueira ter parte dela de chão batido (nota da autora).
abandonou ao nascer. Muitos de seus "filhos" trazem esses problemas
existenciais em crises profundas de depressão, não sabendo lidar com os
problemas mais simples, permanentemente queixosos, vinculados a
sentimentos de inferioridade, não crendo que vieram a esse mundo para
serem felizes como qualquer outra pessoa.
Por isso, talvez Omulu/Obalúaiyé seja, de longe, o mais temido dos Orixás.
Senhor de todas as doenças, da morte, do sol abrasador que mata e
dissemina epidemias. Senhor da decomposição da matéria, do cemitério.
Aquele que pune os maledicentes, os irônicos, os que desrespeitam o culto.
Mas, assim como mata com suas doenças... cura. Divide esse poder com o
patrono da medicina, Ossaim. E com seu xaxará, na Umbanda uma pequena
vassoura, varre todos os males, as doenças, as desgraças que rondam os
fiéis... comandando a vasta falange dos Exus ditos “de Linha de Cemitério”.

                                                 Texto extraido do livro "Exu Desvendado" .Miriam Prestes

Por que assentar o Exu Guardião?


Por que assentar o Exu Guardião?
Todos os que conhecem a Umbanda e os demais cultos afro brasileiros sabem que, antes de qualquer trabalho ser iniciado, é preciso ir até a tronqueira ou casa de Exu e firmá-lo, para que ele possa atuar por fora do espaço espiritual do templo (Tenda ou Ilê Axé), protegendo-o das investidas de hordas de espíritos “caídos” que estão atuando contra as pessoas que buscam auxílio espiritual e religioso que possa livrá-las dessas perseguições terríveis.
Para que um trabalho transcorra em paz, harmonia e equilíbrio, e para que os guias espirituais possam atuar em benefício das pessoas e trabalhar os seus problemas, é preciso que tronqueira esteja firmada, porque assim, ativada, ela é um portal para o vazio relativo regido pelo senhor Exu guardião ligado ao Orixá de frente do médium dirigente do templo.
Um Exu guardião é assentado na tron­queira, e vários outros são “firmados” dentro dela, sendo que estes estão ligados a outros senhores Exus guardiões de reinos e de domínios regidos por outros Orixás.
Os outros não podem ser assentados, senão dois vazios relativos se abrem “ao redor” do espaço espiritual “interno” do templo, e a ação de um interfere na do outro.
Um só Exu guardião é assentado, e todos os outros são só “firmados” na tronqueira, pois, se dois forem assentados na mesma, a ação de um interferirá na ação do outro vazio relativo aberto no “lado de fora” do templo.
Assentar o Exu e a Pombagira guardiã no mesmo cômodo ou “casa de esquerda” é aceitável, porque o campo de ação dele se abre no “lado de fora” e o campo dela abre-se para dentro do “lado de dentro” do templo, criando apolarização com o campo do Exu guardião.
• O campo do Exu guardião é o vazio relativo que se abre no lado de fora do espaço espiritual interno do templo.
• O campo da Pombagira guardiã é o “abismo” que se abre para “dentro”, a partir do espaço espiritual interno do templo.
• Esses dois Orixás são indispensáveis para o equilíbrio de um trabalho espiritual, porque um atua por fora e o outro atua por dentro do templo.
• Um se abre para fora, repetindo o mistério das realidades, e o outro se abre para dentro, repetindo o mistério das dimensões.
• Exu retira do “espa­ço infinito” tudo e todos que estiverem gerando desequilíbrio ou causando desarmonia.
• Pombagira recolhe ao âmago do espaço in­finito tudo e todos que o estiverem desarmoni­zan­do.
São duas formas pare­cidas de atuação, mas Exu retira, e Pombagira inte­rioriza.
Comparando o espaço infinito com um vulcão, Exu seria o ato de erup­ção, quando ele descarrega a intensa pressão interna. Já a ação de Pombagira, seria a das rachaduras internas , que a pressão abre dentro da crosta, nas quais correm e acumulam-se toneladas de lava vulcânica, que se acomodam e, lenta­mente, se resfriam e se cristalizam, gerando enormes acúmulos de minérios e cristais de rochas.
Exu e Pombagira são indispensáveis aos trabalhos espirituais, porque junto com os consulentes vêm todas as suas cargas energéticas e vibratórias negativas; suas cargas espirituais e elementais que sobrecarregam o espaço espiritual interno, que deve ter essas duas “válvulas” de escape funcionando em perfeita sintonia e sincronizadas com todo o trabalho que está sendo realizado pelos guias espirituais.
Se essas “válvulas” estiverem fun­cionando bem, o trabalho realizado não sobrecarregará os guias espirituais que trabalharam pelas pessoas. Porém se não funcionarem corretamente, eles terão que recolher todas as sobrecargas e irem descarregando-as lentamente nos pontos de forças da natureza, mas à custa de muitos esforços.
Portanto, com isso entendido, espe­ra­mos que os umbandistas entendam o porquê de terem que firmar seu Exu e sua Pombagira antes de abrirem seus trabalhos espirituais.
Exu e Pombagira geram muitos fato­res e executam muitas funções na Criação e, em algumas dessas funções, formam linhas de trabalhos espirituais.
Eles também formam pares. Em algumas oca­siões são complemen­ta­res; em outras, são opos­tos; em outras, são com­plementares e opostos ao mesmo tempo.
Só pelas suas funções aqui já descritas, tornam-se indispensáveis à paz, à harmonia e ao equilíbrio dos trabalhos espirituais realizados pelos médiuns umbandistas, tanto os realizados dentro dos centros quanto os realizados fora dele.
Afinal, não são poucos os médiuns que, movidos pela bondade, vão até a residência de pessoas com graves problemas ou demandas para ajudá-las e, por não tomarem a precaução de firmar Exu e Pombagira antes de trabalhar para elas, ao invés de ajudá-las realmente, só pegam cargas que irão desequilibrá-los também.
Para se fazer um bom trabalho na residência de alguém, assim que chegar, deve-se ir até o quintal, riscar um ponto de Exu, colocar um copo com pinga, firmar as velas nos seus pólos mágicos e invocar o Orixá Exu e o seu Exu guardião, pedindo-lhes que descarreguem todas as sobrecargas e recolham todas as demandas feitas contra os moradores da casa e até contra ela.
O mesmo deve ser feito com Pomba­gira para que, só então, o médium comece a trabalhar espiritualmente, porque, aí sim, todas as cargas e demandas terão por onde ser descarregadas. E mesmo as entidades negativas que tiverem de ser transportadas para que recolham suas projeções negativas virão de forma ordenada e equilibrada, não causando nenhum problema durante o trabalho.
Quando se vai com alguém na natureza para descarregá-lo, tanto o médium deve firmar suas forças em sua casa como deve, pelo menos, firmar Exu ou Pombagira no campo vibratório escolhido, para não ter contratempo algum durante o trabalho de descarr ego na natureza.
São medidas indispensáveis para que um bom trabalho seja realizado e tudo transcorra em paz.
Esperamos ter conseguido transmitir os fundamentos necessários para que o ato de “firmar” a esquerda não seja mal interpretado, e sim visto como indis­pen­sável para que bons trabalhos sempre sejam realizados, tanto em benefício próprio quanto dos nossos semelhantes.


Texto extraído do livro “Orixá Exu - Fundamentação do Mistério Exu na Umbanda” de Rubens Saraceni - Editora Madras.

Dicionário Umbandista II


ABC DA UMBANDA
Aqui você encontra definições de termos usados correntemente nas giras pelas entidades de várias linhas umbandistas. Em geral, essas palavras vêm do iorubá, língua africana falada na Nigéria, em Benim e Togo. Aparecerão, também, alguns termos do tupi-guarani que foram incluídos a esse “vocabulário” com o abrasileiramento dos cultos africanos. Não será dada a origem específica de cada termo, apenas seu significado.

ABADÁ = túnica longa, de mangas largas, em geral branca, utilizada inicialmente por negros muçulmanos; hoje designa roupa com a qual se identificam grupos religiosos.
ADJÁ = espécie de sineta, às vezes múltipla (tem de 1 a 7 bocas), tocada nos rituais pelos pais-de-santo com a finalidade de invocar entidades e Orixás, seja para que venham participar dos trabalhos, seja para que atendam a algum pedido. É usado também para induzir os médiuns ao transe.
AGÔ = pedir agô é pedir licença, pedir permissão para realizar algo, pedir perdão.
AJEUM = comida servida dentro do terreiro. 
ALGUIDAR = vasilha de barro empregada para fazer a comida destinada aos Orixás, também utilizada pelos guias para a realização de alguns trabalhos como acender velas, consagrar guias de contas etc.
AMACI = líquido preparado com ervas e água procedente de variadas fontes, usado para dar firmeza aos médiuns. As ervas costumam ser maceradas e ficam em repouso numa vasilha de louça por algum tempo (o tipo da erva e o tempo que devem ficar maceradas depende de cada Orixá). O poder das ervas e a força do ritual (colocação das ervas no ori do médium) propiciam uma conexão mais direta com o Orixá correspondente. 
ARUANDA = Infinito, céu, morada do criadorplano espiritual mais elevado; nome dado ao local onde estão os guias que trabalham na Umbanda. 
AXÉ = força, energia, poder. Pode ser a energia que está nos elementos puros da natureza ou a que está concentrada dentro de um terreiro, trazida pelos guias que ali trabalham (que formam a egrégora da casa) e pelos objetos mágicos utilizados, incluindo os fundamentos que, em geral, se encontram enterrados sob o solo do terreiro.  
BABALORIXÁ = pai-de-santo, chefe do terreiro, sacerdote de Umbanda e Candomblé; quando o dirigente é mulher deve-se usar YALORIXÁ.
BANZO = sentimento de saudade que os escravos sentiam de sua terra natal; nostalgia. Atualmente os pretos velhos usam a expressão para designar um estado emocional aproximado de depressão.
BARRACO, BURACO ou CAZUÁ = casa, residência da pessoa; pode ser usado também para designar um local qualquer, inclusive o próprio terreiro.
BATER PAÔ = bater palmas para despertar energias e chamar entidades.  Maneira de apresentar-se ao Orixá para dizer: “aqui estou para reverenciá-lo; olhe por mim!”
BORI = ritual, em geral do Candomblé, no qual o médium oferece sua cabeça ao orixá.
BORÓ = pagamento que se faz em troca de um trabalho espiritual ou de oferendas a entidades. Também usado como sinônimo de dinheiro, assim como “PATACO”; “JIMBA” ou “JIMBO”; “PLATA” (no caso dos ciganos) ou “PRATA”; “COBRE”. Há inúmeras formas pelas quais os guias se referem à moeda corrente. 
BURRO = modo como alguns guias (em geral os Exus) chamam seus médiuns. Estes são chamados também de CAVALO ou (no kardecismo) de APARELHO. Em todos os casos, a ideia é a de alguém que empresta seu corpo para ser utilizado por uma entidade que precisa realizar um trabalho espiritual.
CADINHO = presente, agrado.
CALUNGA PEQUENA= cemitério; também chamado de CAMPO SANTO.
CALUNGA GRANDE = mar, considerado o grande cemitério da humanidade. 
CAMARINHA= espaço existente nos terreiros que tem como finalidade abrigar os médiuns em suas obrigações, em certos rituais, como a feitura de santo, por exemplo. Em geral é um compartimento isolado, para que o médium possa ter tranquilidade ao realizar suas obrigações ou meditações. 
CANJERÊ = reunião de pessoas para a prática de cerimônias religiosas africanas, em geral para praticar o que os homens brancos chamavam de “feitiçaria”. O termo também é utilizado para designar uma dança nos moldes africanos. 
CANJIRA = filho homem. 
CASA GRANDE = hospital, clínica médica.
CATIRA = espécie de dança que lembra os movimentos rítmicos dos primitivos africanos. É mais praticada na zona rural: os dançarinos, em fileiras opostas, cantam e batem o pé para marcar o ritmo.
CATULAR = cortar o cabelo do médium na preparação do ritual de raspagem para iniciação.
CHAMEGO, DENGO = carinho, namoro, relações sexuais.
COITÉ = cumbuca feita originalmente de uma cabaça cortada ao meio no sentido horizontal; hoje é feito de casca de coco seco.
CONGÁ ou OCA= casa de fé; local onde se praticam os rituais. Em geral são chamados de Terreiros, Templos ou Tendas de Umbanda.
CORRE-CORRE = veículo, automóvel.
CUBATA = casa muito simples, choça ou choupana.
CURIAR = comer ou beber.
DEKÁ= ritual de comemoração do sétimo aniversário de iniciação sacerdotal; nessas ocasiões o pai-de-santo responsável pelo filho que comemora os sete anos entrega a ele os instrumentos necessários à prática religiosa, principalmente aqueles que serão utilizados quando da coroação de seus próprios filhos, como facas, navalhas, tesouras, cuias.
DJACUTÁ = originalmente é uma das qualidades de Xangô e refere-se à sua capacidade de arremessar pedras e raios. Por extensão de sentido, designa a força de determinadas pedras, consagradas com fins de dar firmeza ao médium e facilitar o recebimento de boas vibrações.
EBÓ = alimento ritualístico que é oferecido aos Orixás, podendo ser uma oferenda para agradar-lhe ou algo que vai servir como despacho para limpar energeticamente uma pessoa. Os alimentos, em geral, são passados pelo corpo da pessoa que está sendo tratada.
EGUM = originalmente é um ancestral morto, cultuado pelos africanos (iorubanos, grupo ético da Nigéria); nas giras, costuma-se chamar de egum ao espírito desencarnado que vaga, sem conseguir atingir evolução no mundo astral. 
ELEDÁ = entidade protetora de uma pessoa, sincretizada, aqui no Brasil, com o Anjo da Guarda da cultura cristã. 
ENCOSTO = espírito de desencarnado que se aproxima e “encosta” nas pessoas, trazendo-lhe prejuízos emocionais, espirituais e materiais, além de abalar a saúde (uma vez que suga as energias) da pessoa que está sendo vampirizada. Rezas, passes e  banhos ajudam a afastá-lo, mas o ideal é a doutrinação, para que esse espírito encontre o caminho da evolução.
ENCRUZAR = fazer cruzes com a pemba na testa, nuca, mãos e pés do médium com a finalidade de protegê-lo ou de auxiliá-lo na ligação com as falanges que vão tomar conta dos trabalhos. O encruzamento também pode ocorrer no chão do terreiro, com a finalidade de trazer segurança aos trabalhos. Esse ritual é feito pelo dirigente, sob a irradiação de um ponto especificamente cantado para isso.
ESCREVINHADOR ou ESCREVEDOR= lápis, caneta, qualquer coisa que escreva.
FAZER A PASSAGEM = desencarnar.
FILÁ = originalmente feito de palha-da-costa, é o que recobre a cabeça de Omulu, de onde saem franjas que ocultam seu rosto. Atualmente, usa-se o termo para designar uma espécie de gorro ou lenço que o médium usa como proteção para seu ori.
FUNDANGA (ou TUIA, na linguagem dos caboclos) = pólvora quando usada para fazer descarrego. Por extensão, também se chama de fundanga o ritual em que a pólvora é queimada num círculo de fogo, abrindo em espiral um portal de uma terceira dimensão. A pólvora funciona como um acelerador de partículas, libera gases e corta os cordões fluídicos negativos, afastando das pessoas que estão dentro do círculo os elementos negativos e as larvas astrais que se desintegram na corrente elétrica criada. Por ser um elemento magístico poderoso, só pode ser utilizada por entidades que tenham a permissão para fazê-lo, na presença do dirigente da casa.
GAIOLA = apartamento; viver em gaiola significa morar num prédio de apartamentos. 
GANGA = "nganga" é palavra de origem Kimbundo que significa mágico, feiticeiro ou vidente. Para os angola-congolenses é o chefe supremo, o Tata. O nome Ganga também denomina os chefes dos antigos terreiros cabindas. 
GARRAFADA = mezinha (remédio caseiro) preparada pelos guias. Consiste em colocar ervas maceradas, raízes ou pedaços de cascas de plantas em garrafa (em geral de vinho branco licoroso) para que fique descansando por um certo tempo e depois seja ingerida pelo doente para a cura de determinados males. Às vezes os guias recomendam que a garrafada seja enterrada por alguns dias antes de ser consumida. Quando para uso externo, a poção pode ser feita em álcool de cereal.
GRIOT = pessoa responsável pela transmissão oral de histórias e costumes do povo africano. São sábios extremamente respeitados e também possuem atribuições magístico-religiosas. Muitos povos africanos são ágrafos; daí a importância dos griots.
HORA GRANDE = meia-noite; em oposição, costuma-se chamar deHORA PEQUENA ao meio-dia. 
HOMEM DE BRANCO = médico, enfermeiro, pessoas ligadas à área da saúde.
IBI = lugar, chão, terra; por extensão de sentido pode ser usado como sepultura.
ILÊ = casa, moradia, residência; por extensão, a palavra é usada para designar barracões onde se pratica o Candomblé.
ITA = pedra de santo, pedra consagrada; às vezes os guias preparam “itas” que ficam ocultas no peji para proteção da casa. 
JACI = Lua na fala de alguns caboclos, principalmente os de Oxóssi e Xangô.
LETRADO = indivíduo que tem estudo ou diploma.
LUA = corresponde ao período de um mês.
LUA GRANDE = corresponde ao período de um ano.
MACAIA = mata, lugar onde os guias (principalmente os da linha de Oxóssi) trabalham e os médiuns podem fazer oferendas e/ou “retiros” para, em contato com a natureza, readquirir forças psíquicas. Pode significar, também, as folhas dessa mata.
MANDINGA = originalmente, nome de um povo do norte da África e da língua falada por ele. Por extensão e deturpação de sentido, passou a determinar certas rezas ou “feitiçarias” que esse povo, como os brancos alegavam, deveria praticar. 
MARAFO OU MARAFA = pinga, caninha, cachaça. Também usamPARATI.
MAZELA ou MAZELINHA = doenças, males físicos de que se sofre na Terra. 
MIJO = cerveja.
MIRONGA = segredo, mistério, feitiço; conhecimento que alguns guias têm e usam para resolverem os problemas, sem que se possa entender como funciona.
MORUBIXABA = no sincretismo das religiões afro-brasileiras é nome que se dá aos guias ou entidades que incorporam em médiuns que assumem a direção espiritual de um Templo de Umbanda.
OBI = fruto africano utilizado em alguns rituais, oferecido para agradar os Orixás e trazer benefícios a quem o oferece. 
ODU = destino. 
OFÁ = arco e flecha empunhados por médiuns incorporados com Oxóssi em suas danças nos terreiros. 
ORI = originalmente é um Orixá pessoal, a força e a intuição espiritual própria (e única) de uma pessoa, mas, na prática, essa palavra é usada para designar a cabeça e, mais especificamente a coroa, o chacra coronal. Em alguns cultos também se diz OTI.
ORÔ = preceito, costume tradicional que é repetido em alguns rituais, como, por exemplo, na coroação do médium.
OXÊ = machado de Xangô; é um machado de dois gumes que pode ser feito de  madeira, cobre, bronze ou latão.
PADÊ – oferenda para Exu no início das sessões ou festas, constando de alimentos, bebidas, velas, flores etc, a fim de que se afastem as perturbações nas cerimônias. 
PATUÁ = talismã ou breve (também chamado de escapulário) que se usa como forma de proteção. Em geral é uma espécie de saquinho feito de tecido virgem no qual se colocam elementos cruzados e “preparados” pelos guias: orações, guias de contas, búzios, dentes de animais, ervas, sal grosso, pedrinhas de cânfora ou de incenso. Costumam ser usados em correntes ou cordões, pendurados no pescoço.
PEJI = altar; local do terreiro destinado aos elementos materiais (imagens, velas, flores, ervas, pedras, armas simbólicas) que servirão de portal para captar e irradiar aos fiéis as energias positivas e o magnetismo vindos das divindades. Os elementos devem estar consagrados de acordo com rituais específicos. Todo cuidado é pouco quando se toca nos objetos do peji.
PERNA DE CALÇA = marido, namorado ou companheiro. Também usamMULUNGO.
PITO = cigarro, charuto ou cachimbo que as entidades fumam para, por meio da fumaça, descarregar seus médiuns da carga negativa que possa vir dos consulentes. Os caboclos guardam esse hábito da pajelança indígena, ritual que foi acrescentado ao culto dos Orixás africanos. 
PONTEIRO = pequeno punhal utilizado em magias e em alguns rituais.
PROSEADO = conversa com os guias; em geral tem uma conotação de aconselhamento moral, admoestação. Não é uma conversa social em que se discutirão banalidades.
QUIZILA = antipatia, zanga, aversão, inimizade; muitas vezes, para não provocar quizila com os Orixás, os médiuns são obrigados a não ingerir certos alimentos. 
RABO DE SAIA = esposa, namorada ou companheira. Também usamMULUNGA.
RÁBULA = termo com que se designam os que conhecem o Direito e exercem livremente a advocacia, sem que sejam legalmente formados por curso de nível superior. Na Umbanda, o Sr. Zé Pelintra é considerado rábula por conhecer as leis, mas não possuir diploma.
RISCADOR = pemba
RONCÓ = quarto de santo destinado à iniciação dos médiuns ou à realização de alguns rituais fechados.
SARAVÁ = usa-se como uma saudação nos terreiros, com o significado de “salve”, "seja bem-vindo", “salve sua força”. A palavra que lhe deu origem é SALVAR. Os escravos tinham dificuldade para pronunciá-la, e diziam “vamu salavar”, acrescentando uma vogal A depois do L. Sob a influência da fonologia banta, houve a troca da consoante L pelo R e a palavra passou a ser pronunciada “saravá”, com a perda do final. Com o tempo, o verbo se tornou substantivo, como sinônimo de “culto”: hoje se diz: “vamos num saravá”.       
SINHAZINHA= criança do sexo feminino, menina-moça.
TOCO, PAVIO, LUZ ou SEBO = vela
TRABUCO = trabalho, emprego, ganha-pão; TRABUCAR é trabalhar. 
TUPà= Olorum na fala alguns caboclos, principalmente os de Oxóssi e Xangô.
YABÁS = termo com o qual se designam as Orixás femininas: Yansã, Yemanjá, Oxum, Obá, Oyá, Nanã, Egunitá.
ZAMBI = Olorum na fala dos Pretos Velhos.

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Esse é um blog feito para quem tem fé na umbanda,e quer aprender um pouquinho mais sobre essa religião. Salve Iansã, Orixá dos ventos. Rainha das tempestades. Mãe que afugenta para bem longe os que nos querem fazer mal. Deusa guerreira e corajosa, que defende seus filhos com a espada de cobre. Mãe da alegria e do bom viver, que teus ventos abra meus Caminhos, encoraje minha Alma e alegre meu coração. Ê PARREIA OYÁ!